Flávio Migliaccio foi um ator, produtor, diretor e
roteirista. Tornou-se conhecido pelos personagens Tio Maneco dos
filmes Aventuras com Tio Maneco e Maneco, O Super Tio, e Xerife da
novela O Primeiro Amor e do seriado infantil Shazan, Xerife & Cia.
Início de vida
Flávio Migliaccio nasceu na cidade de São Paulo no dia
26 de agosto de 1934, no bairro do Brás. Foi um dos dezessete filhos de
Domingos Migliaccio (de ascendência sul-italiana) e Jandira Machado, entre
eles a atriz e comediante Dirce Migliaccio, morta em 2009.
Casado com Yvonne Migliaccio, e pai do jornalista Marcelo
Migliaccio, Flávio iniciou a carreira atuando em peças de teatro na periferia
de São Paulo, onde logo descobriu a sua veia cômica.
Participou de um grupo de teatro da igreja de Tucuruvi,
onde ficou por três anos, até chegar a ator principal e diretor. Como precisava
ganhar dinheiro, teve que arrumar outras ocupações, trabalhando como balconista
e mecânico.
Em 1954, depois de fazer o curso de teatro do diretor
italiano Ruggero Jacobbi, começou a carreira de ator profissional no Teatro de
Arena. Seu primeiro papel foi o de um cadáver, na peça Julgue Você.
Aos 25 anos, estreou no cinema em O Grande Momento, de
Roberto Santos. Em 1965, participou como corroterista e ator no filme sueco My
Home Is Copacabana, obra que ganharia diversos prêmios internacionais.
Atuaria também em clássicos do cinema brasileiro como Cinco
Vezes Favela, A Hora e a Vez de Augusto Matraga, Terra em Transe e Todas as
Mulheres do Mundo. Na Rede Globo, destacou-se pelos trabalhos nas novelas
Rainha da Sucata, Perigosas Peruas, A Próxima Vítima, entre outras.
Flávio ganhou um processo contra a TVE (sucedida pela
Acerp - Associação de Comunicação Educativa Roquete Pinto), e que já tramitava
na Justiça havia mais de vinte anos, pela destruição de quatrocentos capítulos
da série "Tio Maneco", que estrelou.
A indenização seria pela perda do acervo e por danos
morais. No entanto, morreu antes de receber a indenização. Já tinha ganho a
causa, mas o processo estava na fase de cálculo do valor por um perito.
Segundo seu advogado, a Acerp pediu a anulação da
ação, mas em havendo a apresentação de um sucessor legal no processo, este
seria habilitado a receber a indenização. Esse sucessor seria o único filho do
ator, Marcelo Migliaccio.
Morte
O ator foi encontrado morto em 04 de maio de 2020 em
seu sítio, na localidade da Serra do Sambê, no município fluminense de Rio
Branco. A informação da morte foi confirmada pelo 35.º Batalhão da Polícia
Rodoviária (BPRv) da Policia Militar do Rio de Janeiro.
O boletim de ocorrência foi registrado como suicídio. Segundo
o boletim, o artista se enforcou com uma corda. Em sua residência foi
encontrada uma nota de suicídio que dizia:
“Me desculpem, mas não deu mais. A velhice neste país é
o caos como tudo aqui. A humanidade não deu certo. Eu tive a impressão que
foram 85 anos jogados fora num país como este. E com esse tipo de gente que
acabei encontrando. Cuidem das crianças de hoje! Flávio”
Lima Duarte reagiu
O ator Lima Duarte divulgou no dia seguinte em um
vídeo, que "entendia a atitude de Migliaccio", lembrando os trabalhos
que fizeram juntos e dos "momentos difíceis" durante o período da
ditadura militar. Lima contextualizou aquele período, o comparando à situação
política atual pela qual passa o país.
“Agora, quando sentimos o hálito putrefato de 64, o
bafo terrível de 68, agora, 56 anos depois, quando eles promovem a
devastação dos velhos, não podemos mais. Eu não tive a coragem que você teve.”
No vídeo, Lima Duarte também citou o trecho de uma
peça do escritor alemão Bertolt Brecht: "Aqueles que lavam as mãos (...)
fazem isso em uma bacia de sangue"